Sensei Paulo Bartolo ministra seminário sobre karatê em universidade santista no fim de semana
- Kelvyn Henrique
- 23 de ago. de 2018
- 5 min de leitura
Seminário “Karatê para a vida” contará com a participação do Sensei Arakaki

O professor de Educação Física da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Paulo Bartolo, estará promovendo o seminário “Karatê para a vida”, nos dias 24 e 25 de agosto. Na sexta-feira o evento acontece no Consistório do Bloco M e no sábado, no Ginásio Poliesportivo, ambos na Unisanta, localizada na Rua Oswaldo Cruz, nº277, em Santos.
Na sexta-feira, o seminário começa das 19h às 22h e no sábado, das 9h às 18h. Os alunos até os 11 anos de idade estão convidados a fazer uma aula às 11h. Na oportunidade, Bartolo explicará aos pais a importância da prática do karatê.
Nível Nacional
O seminário é o encontro de duas escolas, com a presença do Sensei (professor) Hélio Arakaki, aluno direto do Shihan (mestre) Juichi Sagara, grande representante japonês do karatê, como explica Sensei Bartolo. “Professor Arakaki que foi aluno do mestre Sagara e eu da escola do mestre Sasaki, um metre da USP, muito científico. Estaremos trabalhando juntos no projeto de Budo, onde o objetivo é o karatê para a vida! ”.
A inscrição custa R$100,00 e pode ser feita até o dia do evento.
“É um grande evento de nível nacional e estão confirmados professores do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Esperamos atingir um bom público local, pela grande abrangência que temos na Baixada Santista, e será o primeiro de muitos seminários”, conta com entusiasmo Bartolo.
Karatê para a vida
As lutas de um karateca não se resumem ao tatame, mas se expandem nos desafios diários que são travados desde o despertar até a hora de dormir. A vida de um atleta é cheia de desafios e envolve outros conceitos como qualidade de vida, técnicas de defesa pessoal, e principalmente o Budo, que são princípios éticos que um praticante segue por toda a vida. Com a participação do esporte nas próximas Olimpíadas (em Tokyo 2020), o karatê alcançou o ápice, daí a importância de um seminário sobre o assunto, como explica Bartolo. “As competições são um pedaço da vida, mas o karatê permanece até o fim dela. O seminário serve para despertar isso nas pessoas e mostrar o esporte como formador de disciplina, cidadania, caráter, exercício físico e excelente arte marcial”.
Importância social e inclusiva
O papel social está bem presente no esporte, através da filosofia herdada dos primeiros mestres japoneses e que foram sendo transmitidas até aqui. “O papel social do karatê hoje é muito importante na sociedade. Ensina a disciplina, a formação de caráter usando a excelência da disciplina japonesa e a formação filosófica”, explica Bartolo. Ele também cita a importância na vida de jovens que vivem em áreas carentes e tem poucas opções de lazer.
“Hoje o que mais temos são projetos sociais envolvendo o karatê, que conseguem tirar crianças e jovens do caminho errado”.
Vinda de mestres japoneses ao Brasil
O intercâmbio sempre fez parte da história do karatê, desde os tempos antigos, quando os mestres já treinavam uns com os outros. A vinda de diversos professores de karatê ao Brasil, após a Segunda Guerra Mundial, contribuiu não só para a expansão da arte marcial, mas também no setor agrícola e a troca de cultura entre os dois povos.
“Primeiro eles difundiram a arte marcial entre seus pares, ensinando karatê a outros japoneses que viviam aqui. Depois, em 1955 abriu a primeira academia de karatê oficial em São Paulo, com o mestre Arada e em 1962, veio a do mestre Shinzato e a partir daí veio um crescente grande de profissionalização do karatê”, relembra Bartolo.
Intercâmbio em Okinawa
Bartolo também participou de diversos intercâmbios e não esquece o quão fundamental isso foi na sua formação como atleta e professor de karatê.
“Por ter sido técnico da seleção paulista e brasileira, tive a oportunidade de disputar campeonatos em vários países. Mas quando vamos à Okinawa ou Tokyo, que são o berço do karatê, conseguimos entender da onde ele nasceu e como ele é treinado realmente”.
O aspecto cultural é muito importante para se entender as diferenças entre os estilos e como isso influencia em seus movimentos durantes os golpes. Saber a história do povo japonês é o que pode elucidar algumas dessas questões. “O povo japonês é um povo guerreiro, que sofre com terremotos, tsunamis, mas preparados para sobreviver”, explica Bartolo.
O professor também sentiu na pele a luta da nação japonesa, com problemas climáticos constantes, enquanto esteve no país.
“Quando estive lá, presenciei dois tufões e vi como a população estava preparada para isso. Eles lutam contra as forças da natureza. Você se sente como um cara que vai sobreviver. O karatê nasceu da sobrevivência! ”, relembra.
“Então a ida aos mestres japoneses, o conhecimento, a parte filosófica e, principalmente, o entendimento da arte e da cultura são o diferencial de fazer um intercâmbio no Japão. É realmente fantástico e recomendo a todos os professores que puderem, façam! Vocês sentirão a diferença no seu karatê, porque quando voltar de lá estará outro com certeza”, aconselha Sensei Bartolo.
Karatê nas Olimpíadas
Em 2020 acontecem as Olimpíadas em Tokyo, no Japão, e o karatê estará participando. Algo que os praticantes já esperavam a muito tempo, relembra Bartolo. “Desde que eu era atleta, há 30 anos, já esperávamos o karatê nas Olimpíadas”.
São gerações desde 1955 até agora esperando por isso, que não poderia vir em momento mais oportuno por causa do local onde será sediado o evento e a oportunidade de trazer mais jovens para a prática esportiva.
“A modalidade entrou nas Olimpíadas porque o Comitê Olímpico Internacional (COI) acredita na necessidade de se trabalhar mais com os jovens. E tanto o karatê, quanto o skate e o surf, são considerados elementos que trabalham com os jovens. Além de ser em Tokyo, que é uma das razões que prevaleceram, também tem a expectativa de tornar o esporte mais popular: com a exibição na televisão, mostrando nossos atletas e os internacionais e com a plástica do karatê na luta. É uma coisa motivadora”, comenta Bartolo.
Na delegação brasileira um dos principais nomes é o de Douglas Brose; bicampeão mundial, campeão sul-americano, pan-americano, entre outros títulos. “Também temos Vinicius Figueira e a Valéria, uma excelente atleta, que já está no ranking e pode participar. Também temos projetos, como o da Unisanta, que é Olímpico e podemos colocar alguém lá dentro”, explica Bartolo.
Agora começa o processo de classificação para as Olimpíadas por meio de participações em torneios internacionais, onde o atleta pontua no ranking, ou por classificação, como a do Campeonato Mundial, na Espanha, que garante vaga nas Olimpíadas para o campeão.
Ficha técnica do Sensei Paulo Bartolo
Formado em Engenharia Civil na Unisanta e Educação Física na FEFIS. Se especializou em Treinamento Desportivo na Unaerp e é Pós-Graduado em Karate-Do Bases Metodológicas do Treinamento, pela Unisanta.
Iniciou no Clube Internacional de Regatas, em 1973, com o professor Manoel Góes Lameiro, no estilo Shorin-Ryu. Em 1979, se formou faixa preta com o Sensei Osmar Teixeira Vieira, quando passou a treinar com o mestre Yoshihide Shinzato. Em 1985 se tornou aluno do mestre Yasuyuki Sasaki, da Shotokan.
Foi técnico da seleção paulista e brasileira. Professor de karatê desde 1979 fundou o Departamento de Karatê da Unisanta e do Clube Sírio Libanês. Também fundou a Associação Resistência de Karate, em 1986.
Escreveu cinco livros de karatê, com mais de 7 mil exemplares vendidos. Organizador de eventos como o Torneio A Tribuna de Karate, Torneio Milton Teixeira, palestras e cursos. Também é coordenador do curso de Pós-graduação em Karatê da Unisanta.
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